Divagações by Tânia Lamara

segunda-feira, 28 de março de 2011

Maria Elisabeth Vasconcelos (♥25/03/2011)


...Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida...


"E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor pensar que a última vez que se encontraram se curtiram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo."
(Rubem Braga )

O Adeus à uma pessoa maravilhosa que tive o prazer de conviver: Beth (a irmã, a mãe, a filha, a amiga!)
                                                                             25/03/2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Libertino


Libertino


Tenho um coração libertino

Onde o sagrado e o profano
Travam uma luta sem fim..
Ora buscando o conforto de uma prece
Ora buscando um vil prazer de um amor!

Tenho um coração libertino
Que não conhece a dor do amor
Não por nunca ter amado
Mas, por nunca sentir nenhuma dor!

Tenho um coração libertino
Que cruza as fronteiras da alma
E faz do meu peito
Santuário de paz e calma!
Ora querendo chorar sorrindo
Ora sorrindo em lágrimas!

Tenho um coração libertino
Que machuca e não sente dor
Que sente o doce prazer de ser livre
Mas que vive preso em um só amor!

(By Tânia Lamara)